Estudo Dirigido - JESUS E AS EPÍSTOLAS DE JOÃO
Estudo VIII - AMANDO IRMÃOS E IRMÃS
“Ora, temos, da parte dEle, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1Jo 4:21).
Um pastor recebeu a visita de uma mulher cheia de ódio pelo marido. Ela não queria o divórcio, apenas; queria provocar tanta dor quanto lhe fosse possível. O pastor sugeriu que ela fosse para casa e agisse como se realmente o amasse. Ela deveria dizer-lhe quanto ele significava para ela e ser tão bondosa quanto possível. Depois de tê-lo convencido de seu amor eterno, então, ela pediria o divórcio. Isso certamente o feriria tanto quanto possível.
Com vingança nos olhos, ela fez assim, prodigalizando amor sobre ele por alguns meses como nunca havia feito antes. Então, o pastor lhe perguntou sobre o divórcio.
“De jeito nenhum!” ela respondeu. “Descobri que realmente o amo!”
O amor pode mudar o mundo, as igrejas, as famílias e os casamentos.
As duas passagens sobre o amor
A passagem que estudamos terminou com a declaração de que se pode conhecer os filhos de Deus por fazerem o que é certo e por amarem seus irmãos e irmãs no Senhor (1Jo 3:10). Esse verso constrói uma ponte para a discussão sobre o amor, presente no restante da epístola.
As duas passagens: 1Jo 3:11-24 e 1Jo 4:7 a 1 João 5:4 são muito semelhantes. As duas contêm repetidamente a frase “amemo-nos uns aos outros”. As duas enfatizam que o objeto do amor são principalmente os outros crentes, e as duas nos advertem contra o ódio aos irmãos e irmãs. As duas passagens também enfatizam o amor de Deus por nós.
1 João 3:11-24 destaca o amor mútuo e por oito vezes usa variantes do verbo “amar”; a segunda passagem as emprega mais de trinta vezes e amplia o assunto: Somos chamados a amar não só os filhos de Deus mas também o próprio Deus. Por outro lado, Deus nos amou primeiro e ainda nos ama.
1 João 4:7 a 1 Jo 5:4 também deve ser entendido no contexto dos anticristos, que tinham ideias erradas acerca de Jesus. A passagem diz que Jesus é o Filho de Deus (1Jo 4:15) e o Cristo (1Jo 5:1) e Se tornou o sacrifício expiatório pelos nossos pecados e Salvador do mundo. Unicamente através dEle e do que Ele fez por nós pode o amor de Deus ser entendido em sentido mais profundo. Isto é, só à medida que entendemos o que aconteceu na cruz e como Cristo levou sobre Si mesmo o castigo dos nossos pecados é que podemos amar a Deus como devemos.
A “definição” de amor
Embora João fale muito sobre amor nestes versos, como ele define e explica o amor? 1Jo 3:12-16; 1Jo 4:7-10, 16
João não parece decidido a dar uma definição de amor. Ao contrário, ele começa usando o exemplo de Caim como demonstração do que não é o amor.
O exemplo negativo é seguido por outro positivo. Jesus depôs Sua vida por nós. O Pai enviou Seu Filho como sacrifício expiatório. Enviou-O para ser o Salvador do mundo. Este é o significado mais profundo de amor. Amar significa fazer tudo o que for necessário para ajudar os outros, mesmo que requeira abnegação. Que contraste para o que Caim fez a seu irmão! Amar também significa perdoar e esquecer o passado. No caso de Jesus, significa completa abnegação pelo bem dos outros.
Mas amor não é um mero espetáculo a ser observado. Deve ter impacto na vida dos outros. Se alguém saltasse na água e se afogasse só para provar seu amor, isso não significaria nada. Mas se a pessoa que saltou perdesse a vida a fim de salvar outra pessoa, isso é amor.
A melhor definição de amor é o caráter e trabalho da Divindade, conforme revelado no plano de salvação, e o fato de ter Jesus Se entregado por nós.
O amor cristão tem sua fonte no amor de Deus. Permanecer no amor significa desfrutar uma relação íntima com Deus. No sentido bíblico, não existe amor que, em última instância, não venha de Deus (1Jo 4:7). Porém, a declaração do mesmo verso de que “todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” pode ser mal-entendida. Precisa ser interpretada no contexto de 1 João. De acordo com 1 João 3:23, a fé (convicção verdadeira) e o amor pertencem um ao outro; de acordo com 1 João 5:2, o amor e a guarda dos mandamentos, também. Alguém pode dizer que ama a Deus; João nos mostra como esse amor deve ser revelado.
Crise de confiança
Que motivos temos para confiar, mesmo quando as emoções apontam para outro lado? 1Jo 3:19-21
Que cristãos, em um momento, olhando para si mesmos, para suas fraquezas, falta de amor, negligências, não se sentiram condenados, culpados e até perdidos? Como é importante nos lembrarmos de que Deus é maior que nós, maior que nossas culpas, maior que nosso coração. Como é importante perceber, dia a dia, que nossa esperança de salvação deve descansar em Jesus e em Sua intercessão por nós! Somente quando nos apoiamos em Seus méritos, e não nos nossos, é que podemos ter confiança e certeza.
A confiança é enfatizada várias vezes em 1 João. O apóstolo desejava que os crentes fossem confiantes quando se aproximassem de Deus em oração (1Jo 3:21, 22), confiantes diante da realidade da vinda de Cristo (1Jo 2:28) e confiantes sobre o juízo divino (1Jo 4:17). Deus deseja o bem para nós, Seus filhos. Estar em Seu amor afasta todo medo.
“Satanás sabe que os que buscam o perdão e a graça de Deus os obterão; por isto apresenta diante deles os seus pecados para os desencorajar. Ele está sempre buscando ocasião contra os que procuram obedecer e apresentar o melhor e mais aceitável serviço a Deus, fazendo parecer corruptas todas essas iniciativas. Mediante astúcias sem conta, as mais sutis e mais cruéis, procura ele assegurar a sua condenação.
“O homem não pode, em sua própria força, enfrentar as acusações do inimigo. Com suas vestes manchadas de pecado e em confissão de culpa, ele está perante Deus. Mas Jesus, nosso advogado, apresenta uma eficaz alegação em favor de todo aquele que, pelo arrependimento e fé, confiou a Ele o coração. Ele defende sua causa, e mediante os poderosos argumentos do Calvário, derrota seu acusador. Sua perfeita obediência à lei de Deus deu-Lhe poder no Céu e na Terra, e Ele reclama de Seu Pai misericórdia e reconciliação para com o homem culpado” ( A Maravilhosa Graça de Deus [Med. Matinais, 1974], p. 314).
Amor em ação
João não se contentou em teorizar sobre o amor. Ele nos permite saber que Deus quer que ponhamos o amor em ação. Então, declara que o ódio é incompatível com a atitude amorosa, e é até mesmo uma forma de assassinato (1Jo 3:15). Ele diz, também, que não devemos amar de palavra, apenas, mas com atos (v. 18).
Evidentemente, João não se posiciona contra as palavras bondosas e de encorajamento mútuo. As palavras são uma importante forma de compartilhar amor. Como se sentiriam os cônjuges, filhos, parentes e amigos se nunca recebessem confirmações verbais de nossa parte? Até mesmo João usou palavras para falar do amor de Deus aos outros.
Mas João se opõe às declarações superficiais de amor sem confirmações pelos atos. Em 1 João 3:17, ele descreve uma situação semelhante à de Tiago 2:15, 16. Um membro de igreja está em necessidade. Outros têm os meios para ajudá-lo mas não fazem nada além de dizer algumas palavras agradáveis a essa pessoa. Isso não é suficiente. Deus não disse que nos ama, apenas; Ele enviou Seu Filho para morrer em nosso lugar. Os que amam muito fazem muito, porque o amor real é ativo.
Qual das ordens contidas em 1 João 3:16, 17 é mais difícil de seguir?
Não é provável que alguns de nós sejamos chamados a morrer por outros crentes. Mas é mais provável sermos chamados a demonstrar amor por alguém que tem necessidades. Podemos ter os meios para prover emprego, comida, roupas, educação cristã, refúgio, qualquer coisa. Mas, muitas vezes, preferimos viver nossa própria vida confortável. Os primeiros cristãos compartilhavam seus meios financeiros. Amar os outros é um desafio, especialmente porque exige sacrifício de nossa parte.
De todos os lugares em que o amor deve se manifestar (e embora às vezes seja o mais difícil), esse é o lar. Existem infinitas maneiras de mostrar amor aos familiares. Às vezes, as coisas mais ínfimas podem enviar uma poderosa mensagem de amor e aceitação: ajuda extra em casa, um jantar agradável, um passeio familiar especial, qualquer coisa. Existem muitos modos de manifestar amor. O amor pensa primeiro nos outros; e mais: as ações acompanharão esses pensamentos.
Amor e os mandamentos
1 João 5:2 fala sobre praticar os mandamentos. 1 João 3:22, 24, e 1 Jo 5:3 enfatiza a obediência, ou a guarda dos mandamentos.
O que estas passagem ensinam sobre os mandamentos, além de que devem ser guardados? 1 Jo 3:22-24; 1Jo 4:21; 1Jo 5:2,3
João diz que guardar os mandamentos de Deus e fazer o que Lhe agrada dá aos cristãos a confiança de que Deus ouve suas orações. A ordem de Deus é crer em Jesus e amar uns aos outros. Guardar os mandamentos permite uma permanência mútua – nós em Deus e Ele em nós. Amar a Deus inclui a guarda dos mandamentos e, realmente, eles podem ser guardados porque não são penosos.
Quando João fala sobre mandamento, no singular, menciona o mandamento de crer em Jesus como Messias e amar uns aos outros. No capítulo 4, o mandamento é que aquele que ama a Deus também deve amar os irmãos e irmãs.
Quando foi perguntado a Jesus qual dos mandamentos era o mais importante ou o maior de todos, Ele respondeu apontando para o mandamento do amor a Deus com todo o coração, alma, mente e força, e amor ao próximo como a si mesmo (Mc 12:28-31). Mas Ele também enfatizou: os que O amam guardam Seus mandamentos (Jo 14:15) e, no Sermão no Monte, Ele Se referiu a vários mandamentos diferentes.
Ao mudar de mandamento (singular) para mandamentos (plural), João pode ter indicado que o mandamento do amor se expressa na multiplicidade de mandamentos.
”Nunca devemos passar por um sofredor sem buscar comunicar-lhe o conforto com que nós mesmos somos por Deus confortados. Tudo isso não é senão um cumprimento do princípio da lei – o princípio ilustrado na história do bom samaritano, e manifesto na vida de Jesus. Seu caráter revela a verdadeira significação da lei e mostra o que quer dizer amar nosso semelhante como a nós mesmos. E quando os filhos de Deus manifestam misericórdia, bondade e amor para com todos, também eles estão dando testemunho do caráter dos estatutos do Céu. ... O amor de Deus no coração é a única fonte de amor para com o nosso semelhante” (O Desejado de Todas as Nações, p. 505).
“[Você] deve livrar-se, logo que possível, de sua formalidade fria e gélida. Precisa cultivar sentimentos de ternura e amizade em sua vida diária. Deve demonstrar verdadeira cortesia e polidez cristã. O coração que realmente ama a Jesus ama aqueles por quem Ele morreu. Tão certo como a agulha da bússola aponta para o polo, assim o verdadeiro seguidor de Cristo, com espírito de esforço fervoroso, procurará salvar pecadores pelos quais Cristo deu Sua vida. Trabalhando para a salvação de pecadores, manterá cálido o amor de Cristo no coração e dará àquele amor um crescimento e desenvolvimento apropriados” ( Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 466).
O amor precisa se expressar de maneira prática.
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